Parque Nacional Tierra del Fuego – Senda Costera, descanso e fogo

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 segundo dia no parque nacional foi dedicado à preguiça. A trilha do dia anterior tinha sido puxada e nossas pernas precisavam de um descanso. Como estávamos sem gás, fomos almoçar no restaurante do parque, onde comemos uma deliciosa pizza napolitana por um preço honesto, visto o alto valor das coisas por aqui.

Neste dia lemos, escrevemos, desenhamos e deixamos prontos os relatos dos últimos dias.

À noite, como o restaurante não funciona, decidimos preparar uma pequena fogueira para cozinhar a sopa para o jantar. Juntamos alguns gravetos e galhos pequenos que já estavam caídos no chão e montamos a fogueira em um local apropriado, já destinado pelo parque, próximo à nossa barraca. Foi ótimo!

Na manhã seguinte, como tínhamos pouca comida pronta e queríamos fazer uma nova trilha, acendemos novamente a fogueira e preparamos um macarrão logo cedo. Um italiano, ao ver o fogo, juntou-se a nós e aqueceu um pouco de água para seu café. Conversamos um pouco e trocamos dicas de locais para ficar, ele se foi e começamos a preparar as coisas para a trilha. Não demorou muito, uma guarda-parque apareceu, pediu nossos permissos de acampe (que estavam vencidos, mas já havíamos sido orientados que poderíamos pagar tudo na saída, então não houve problemas), ela também nos disse que não estava permitido fazer fogo. Ficamos com cara de culpados, mas estranhamos por haver locais próprios e avisos referente a isso nos guias do parque.

Saímos para a trilha, passando antes no restaurante e comprando algumas “medias-lunas” (que são pequenos croissants) para comer durante o trajeto. Nesse dia fizemos a Senda Costera, uma caminhada lindíssima, que margeia a Baía Lapataia, uma baía do canal de Beagle. Praias de pedras em tons de azul, com água cristalina, sem ondas. Por vezes gramados verdes que chegam até o mar e pequenas flores brancas e amarelas completando a paisagem que só termina com as montanhas geladas ao fundo, depois do mar! Dá vontade de construir uma cabana de madeira e ficar por ali.

A trilha tem 8 quilômetros e é de nível intermediário, não possui grandes desníveis e termina com uma agradável surpresa: ao longe, em cima de um píer de madeira, o correio del fin del mundo.

Ficamos extasiados ao adentrar aquele pequeno recinto aquecido, com as paredes recheadas de histórias! E como tudo sempre pode melhorar, atrás do pequeno balcão, o senhor Carlos Lorenzo, o autêntico e único “cartero del fin del mundo”. Figura peculiar, com seu avantajado bigode e uma simpatia admirável! Nos ofereceu azeitonas, tiramos fotos, enviamos postais e claro, carimbamos nosso passaporte, tudo conforme manda o figurino.

De lá, pegamos mais um pedaço de trilha e depois decidimos voltar pela estrada, onde o caminho seria mais rápido e teríamos a chance de conseguir uma carona (queríamos chegar ao restaurante antes das 18:00 para comer mais alguma coisa). Caminhamos por quase uma hora até que uma van de transporte regular parou. Dissemos onde queríamos ir e pedimos se ele iria cobrar. “No, por favor chicos, entrem! Van hasta el restaurante? Tienem hambre, no?”. O fato é que o motorista estava a caminho de buscar passageiros e sua van ia vazia, iria fazer aquele caminho de qualquer forma e foi muito gentil ao nos levar consigo e nos deixar na porta do restaurante. Ele tinha razão, estávamos famintos!

Comemos e voltamos para nosso acampamento. Sempre que fazemos uma trilha mais longa é um alívio imenso voltar para a barraca. É uma sensação maravilhosa avistar ela ao longe, laranja e acolhedora, protegida do vento e com sacos de dormir quentinhos.

Logo que chegamos, veio outro guarda-parque pedir nossos permissos e lá fomos nós à explicação novamente. Tudo certo e no final ele nos disse que agora estava permitido fazer fogo, devido às condições climáticas (no dia anterior ventava muito e isso pode causar incêndios, se não houver cautela), porém o detalhe é que só poderia ser usada lenha comercial, não do parque. Por garantia, descartamos de vez a ideia do fogo.

PS: Só fizemos fogo porque realmente ficamos sem gás e haviam locais próprios para isso. O fogo é sempre nossa última opção, já que os fogareiros são muito mais seguros e menos agressivos com o meio ambiente. O camping ideal é quando desmontamos nossa barraca e não deixamos nenhum vestígio de que passamos por ali.

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Mostrando 3 comentários
  • Lari
    Responder

    Adorando os relatos… E as fotos? Ainda mais incríveis! Boa viagem casal

  • Rodrigo
    Responder

    Parabéns pela linda viagem, pelo site e pela riqueza de detalhes em suas historias. Ahh show as fotos.

  • Alfredo Souza
    Responder

    Hj na biblioteca da faculdade estudando olho para o lado e tinha na capa de um jornal a foto de uma montanha com neve, não aparecia vcs, estava dobrado, por curiosidade peguei, abri e a grata surpresa foi ver que eram vcs ali na capa e lendo a matéria outra grata surpresa foi saber que são aqui da região e ai eu entendi por que as fotos eram tão boas, com um fotografo profissional não tem como trazer imagens ruins, eles conseguem ver a beleza onde poucos enxergam, eu já tinha visto várias fotos de Caleta Tortel e não via tanta beleza quanto nas fotos de vcs, tanto que já estou pensando em cortar algo do meu roteiro pra passar por lá. Um abraço.

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