Overdose artística em Santiago
omo já dissemos aqui, não adianta ir pra cidade grande e ficar emburrado que não tem trilha e que os prédios e a poluição escondem a visão das montanhas (no caso de Santiago, que é rodeado pela Cordilheira dos Andes). Aproveitamos para curtir o potencial artístico e cultural, que não é pequeno. Certamente em uma nova viagem à cidade, teríamos atrações suficientes para não repetir nenhuma visita.
Pra finalizar nosso “roteiro artístico” em Santiago, vamos falar de quatro lugares super legais que visitamos. O Museo Nacional de Historia Natural, o Museo de La Memoria, o Centro Cultural Gabriela Mistral e a exposição da artista japonesa Yayoi Kusama (que estará na cidade até junho).
O Museo de Historia Natural fica dentro de um parque muito legal chamado Quinta Normal, que também abriga outros museus, um lago e uma grande área verde, onde as pessoas sentam na grama e relaxam. O acesso é bem fácil, já que a estação de metrô de mesmo nome dá direto para o portão do parque e a entrada é gratuita.
Escolhemos esse museu porque era gratuito e porque nunca tínhamos ido num museu de história natural, ficamos muito interessados em ver como era e realmente não deixou a desejar. De uma forma bem dinâmica, ele conta a história da evolução do mundo, você vai caminhando e vai vendo imagens, animações, textos e objetos que mostram desde o big-bang até os dias atuais, sempre relacionando com a história e geografia chilenas, há muitos animais perfeitamente empalhados e um esqueleto de baleia impressionante no salão central. Há também algumas salas, como a do taxidermista, que são de vidro e podemos ver o profissional trabalhando lá dentro, com explicações de como o trabalho é feito. O local é muito bem sinalizado e muito educativo.
O Museo de La Memoria fica bem em frente ao parque Quinta Normal e também tem entrada gratuita. Trata-se de uma grande exposição de fotos, vídeos e documentos que contam como foi a época da ditadura militar no Chile. Desde o golpe com a queda do governo anterior, as imposições, o uso da força, o exílio, os desaparecimentos de pessoas, até a restituição da democracia através de eleições, 17 anos depois.
Não temos fotos do museu, pois elas não são permitidas, mas as imagens e fatos expostos ali são muito impactantes, saímos silenciosos, pensativos e com uma vontade grande de pegar pela mão e levar até lá cada brasileiro que, sem se aprofundar no assunto, acha que a volta do regime militar seria bom para o país. Não é e nunca será uma boa ideia, fica registrado aqui o sentimento que tivemos ao ver o impacto que isso causou na vida dos chilenos e pensar no que os brasileiros também sofreram quando tivemos a mesma forma de governo. Desrespeito aos direitos humanos, sequestros, assassinatos, torturas, censura e ouras atrocidades que, acredite, você não quer ver acontecer com o seu país.
Mas voltando a falar das coisas boas que aconteceram na história do Chile, impossível não falar de Gabriela Mistral que ao lado de Pablo Neruda, figura entre os principais nomes da poesia chilena. Ganhadora do Prêmio Nobel de literatura de 1945, tem uma história digna de seu reconhecimento internacional. É o seu nome que leva o centro cultural que visitamos, um espaço moderno com biblioteca, livraria, café, mostras de arte, dança, teatro e várias outras atrações em um calendário variado, além de espaços abertos onde grupos ensaiam coreografias de dança. Um lugar super legal, que traz logo na entrada seu slogan: Centro de las artes, la cultura y las personas. O que pode ser facilmente observado dando uma volta por ali.
Quando fomos, pudemos observar duas mostras de arte, a primeira delas foi a “Tuku Iho: Legado vivo”, a maior mostra de cultura e arte Maori exibida até agora na América Latina, com vídeos, fotos e artefatos em madeira incríveis, tão cheios de detalhes que é difícil distinguir uma peça de uso cotidiano de uma decorativa.
Também vimos a exposição “MAPA, 70 años del imaginário popular”, que trazia artefatos populares de toda a América Latina, com artigos em barro, papel machê, tecido, madeira, entre outros. Uma exposição, é claro, muito colorida e cheia de simbologia. Estará aberta até junho e é gratuita.
Finalizando nosso roteiro artístico, fomos ver uma mostra muito impressionante de Yayoi Kusama, considerada uma das maiores artistas vivas do Japão. São obras contemporâneas, embora muitas delas datem da década de 60, numa sequência intrigante (quase perturbadora) de pontos, cores, luzes e repetição de padrões. Não à toa, sua obra é declarada obsessiva e a artista vive desde 1977 em uma clínica psiquiátrica, embora siga trabalhando em seu ateliê. Era permitido fotografar apenas as instalações, embora a exposição também conte com pinturas, colagens, esculturas, fotografias e vídeo, mas já dá pra ter uma ideia do quão interessante é a mostra. Das 10:00 as 16:30 a entrada é gratuita.
Nossa !!! Admiro como vocês se desconstruíram e agora seguem, buscando essas novas experiências
É tudo incrível, até quase impossível descrever a beleza dos lugares, das imagens, parecem falar. Parabéns pelo trabalho belíssimo que vocês estão compartilhando com o público Brasileiro ou até mesmo de outros países, com certeza. Beijos…Sucesso…