O que dois mochileiros fazem em Santiago
capital chilena não fazia parte dos nossos planos de viagem. A princípio nossa ideia era mesmo conhecer bem a Patagônia e focar nas cidades pequenas, com mais atrativos naturais, mas lá em fevereiro, quando fizemos o Torres del Paine, conhecemos a Maria e o Francisco, um casal muito querido que nos acompanhou durante todo o trekking, se tornaram bons amigos e nos convidaram a passar em sua cidade caso tivéssemos tempo.
Com toda a história do vulcão Calbuco que entrou em erupção bem nos dias em que estávamos indo para Puerto Varas, tivemos de desistir dessa cidade e de mais algumas que pretendíamos visitar, assim sobrou algum tempo e decidimos passar alguns dias em Santiago depois que saímos de Valdívia.
Fomos muito bem recebidos no apartamento que Maria divide com duas amigas: Pilar e Barbara, que logo nos deram muitas dicas do que fazer na cidade. Para dois mochileiros que há muito tempo só passavam por povoados ou cidades médias, Santiago era completamente fora dos padrões, logo percebemos que o bacana dali seria visitar os museus, parques e atrações culturais, é claro que não adiantava querer buscar trekking na capital. Assim fizemos e curtimos muito a cidade, pelo menos os lugares onde visitamos eram cheios de prédios antigos muito bem conservados, parques e praças arborizadas, feiras e barzinhos, descobrimos muitas atrações gratuitas ou muito baratas e aprendemos rapidamente a nos deslocar na cidade usando o metrô ou caminhando. Apesar do céu acinzentado e das proporções de carros, prédios, barulhos de cidade grande, surpreendentemente adoramos a cidade. Cidade grande requer aqueles cuidados básicos com relação à segurança, que vão de usar roupas que se “camuflem” mais ao ambiente urbano a não sair mostrando a câmera em qualquer lugar, tomamos as precauções, claro, mas em Santiago não nos sentimos inseguros em nenhum momento.
Para ajudar a escolher os locais que visitaríamos na cidade e também para ir além dos clichês, Maria nos apresentou o site amosantiago.cl, que tem várias dicas do que está rolando na cena cultural e artística na cidade. No primeiro dia visitamos algumas atrações mais conhecidas, porém gratuitas:
Parque Forestal
Começamos o dia caminhando pelo Parque Forestal, que é como se fosse uma grande avenida verde, uma faixa comprida cheia de árvores, gramados, fontes e bancos pro pessoal sentar e ficar à vontade enquanto contempla esse pedacinho de natureza no meio da cidade. É comum ver casais namorando, senhores lendo jornal, grupos de amigos compartilhando um lanche, pessoas sozinhas estudando e descansando ou passeando com seus cães, realmente um lugar onde as pessoas se sentem seguras e relaxadas. Escolha um local e fique ali também por alguns minutos, é o lugar perfeito pra você fazer de conta que vive em Santiago, ali ninguém vai te perceber como turista e você pode observar tudo tranquilamente. O parque começa na estação de metrô Baquedano e você pode sair dali e ir caminhando até o final.
Museo Nacional de Bellas Artes e Museo de Arte Contemporáneo
Na outra ponta, chegamos ao Museo Nacional de Bellas Artes, fundado em 1880 e localizado desde 1910 nessa construção neoclássica muito bem conservada, que abriga salas com pinturas chilenas e estrangeiras, além de esculturas incríveis no salão principal (o único que pode ser fotografado), gravuras, fotografias, desenhos… Junto ao Belas Artes, no mesmo edifício, também temos o Museo de Arte Contemporáneo, este fundado em 1947 e administrado pela Universidad de Chile, é cheio de mostras interativas e questionadoras, que nos deixaram mais impressionados que a arte tradicional do Bellas Artes, infelizmente, como na maioria das exposições de arte, não podíamos fotografar as obras em si. A entrada para ambos os museus é gratuita.
Plaza de Armas
Ficamos um bom tempo nos museus e depois fomos para a área mais central, onde visitamos a Plaza de Armas, tudo a pé, caminhando tranquilamente pelas ruas cheias de construções antigas. No caminho nos chamou atenção a Basílica de la Merced, uma igreja católica, declarada monumento nacional, com arquitetura neoclássica e cores bastante inusitadas.
A praça é bem movimentada, com várias barraquinhas de artistas que vendem suas pinturas ali, senhores do clube de xadrez disputando suas partidas e pessoas simplesmente passando, já que fica em uma região central.
Depois disso voltamos para o apartamento empolgados e ansiosos pelos próximos dias. Santiago foi uma cidade totalmente diferente do que estávamos acostumados, mas que nos ofereceu muitas opções de atividades. Mais uma vez, uma surpresa agradável na viagem.