Na natureza selvagem e o eu de dois anos atrás

A

cho que posso dizer que esse foi o marco pra mim. Esse foi o dia em que a vontade de estar próximo da natureza começou seu crescimento desenfreado. Foi nesse dia que começaram os questionamentos dos conceitos da sociedade e do meu modo de vida atual. Mas não foi quando eu terminei o filme que “minha vida mudou”, passei um bom tempo refletindo, questionando, aprimorando meu pensamento. Assisti mais uma vez, pesquisei sobre o Chris, me inteirei sobre o assunto e foi aí que as coisas começaram a mudar.

A filosofia do personagem me influenciou de uma forma tão grande que hoje não consigo mais imaginar como eu poderia pensar diferente anteriormente. Chris tinha suas dúvidas, seus próprios conceitos, ele não queria saber de verdades absolutas, ele queria entender tudo, ele queria julgar tudo, ele queria saber o que era realmente bom e o que era ruim, não que lhe dissessem o que era bom ou ruim, pois ele simplesmente não ligava, ele tinha que sentir isso.

Ao começar a julgar os defeitos da sociedade ele passou a se isolar, a buscar, na calmaria da solidão, um refúgio, algo que seria melhor que o caos da sua vida atual, e ele buscou isso através de um contato mais profundo com a natureza, assim como um de seus mentores Henry David Thoreau. Em toda a sua caminhada encontrou pessoas marcantes, que lhe ajudaram a formar novos conceitos, lhe ensinaram diferentes jeitos de viver a vida, lhe deram lições, pessoas que estiveram presentes no seu amadurecimento como pessoa. Mas mesmo assim, sua cabeça permanecia focada em um ideal mais solitário, uma convivência só, na natureza selvagem.

Quando sua história veio a tona, através do livro e do filme, pessoas lhe julgando não faltaram, alguns o chamam de louco, outros de gênio. Eu, particularmente, acho que o gênio se sobressai muito mais, um lado maluco todos nós temos e talvez se ele não o tivesse, não teria coragem para fazer o que fez e deixado um legado tão belo quanto o fez.

Falando em específico do filme agora, as atuações são impecáveis, Emile Hirsch é simplesmente fantástico o filme todo, o roteiro é sensacional e a história em si já é um caso a parte. Um adendo especial à trilha sonora, acho que não passo mais de um mês sem ouvir a voz do mestre Eddie Vedder cantando essas poesias que embalaram o filme.

Faça um favor a si mesmo e assista o filme. Já assistiu? Não importa, veja de novo. Vale cada segundo.
Outras informações:
Filme no IMDb e no Wikipédia
E a trilha sonora espetacular do Eddie Vedder: Into the Wild (álbum)

Na Natureza Selvagem

E, ao contrário do que diz lá em cima no post, esse post não foi escrito hoje, por mais incrível que pareça, essa primeira parte do post eu tinha escrito há exatos dois anos, em junho de 2013, um tempo onde essa nossa primeira viagem nem pensava em existir. Achei o texto enquanto vasculhava alguns arquivos antigos em meu computador. Ler isso tudo novamente e saber que pouco a pouco estou concretizando esse sonho de viver esse novo estilo de vida me trouxe uma alegria enorme.

Isso sem falar nas “coincidências” com a nossa viagem em si. Nós já dissemos aqui que começamos toda a viagem pensando que iria ser uma aventura com uma conexão enorme com a natureza através dos trekkings e dos passeios, mas o que nos surpreendeu foi a parte do contato humano, de toda a ajuda que recebemos de pessoas até então desconhecidas e toda a reflexão que isso nos trouxe. Toda a ajuda que recebemos durante a viagem certamente não foi porque somos sortudos ou que somos algum tipo de exceção, esse tipo de coisa aconteceu porque estávamos abertos a isso, deixamos a viagem acontecer de uma forma natural, exatamente como Chris e tantos outros que conhecemos durante nossa grande caminhada.

Como o Diego de dois anos atrás citou lá no começo, essa história foi o começo de muitos questionamentos. Não consigo não fazer relação dela com tantas outras mudanças na minha vida que não são nem relacionadas a natureza, mas sim à sociedade. Desde que assisti o filme pela primeira vez eu tive uma separação, um pedido de demissão em uma carreira estável (se é que isso existe), o início do meu relacionamento com a Bruna, a criação de uma empresa, uma outra mudança de casa, a saída da empresa e por fim a viagem. Esse seria meu resumo de vida dos últimos 7 anos e não estou forçando a barra quando digo que cada um desses eventos teve uma influência desses questionamentos que foram trazidos a tona pelo filme.

Lembrei de um vídeo do Pirula que assisti há pouco onde ele conta que toda a carreira dele como paleontólogo foi influenciada por um livro de figurinhas de dinossauros. Obviamente não foi o livro que determinou todo o futuro dele, mas despertou algo que desencadeou um monte de outros acontecimentos que levaram até onde ele está hoje. Acredito que de certa forma esse filme fez algo parecido comigo.

E pra finalizar, não poderia deixar de citar a clássica: “A felicidade só é real quando compartilhada“. Obrigado Bruna, minha família e meus amigos que compartilham (ou compartilharam) sua felicidade e amor comigo. Acho que se o Diego de hoje encontrasse o Diego que escreveu o início do post ou o Diego que assistiu ao filme pela primeira vez, acho que ele daria um tapinha nas costas e diria: “vai em frente, você está no caminho certo”. Espero que o Diego que lerá esse post daqui mais alguns anos possa dizer o mesmo.

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Mostrando 2 comentários
  • Carlos Grillo
    Responder

    Cara sabe que já comecei a assistir esse filme 2 vezes e não terminei? Todo mundo fala que é um baita filme, mas o fato de já saber o final me deixa desanimado. Sei que a história é o que vale, mas mesmo assim me incomoda saber o desfecho. Quanto ao Diego de dois anos atrás acho que ele ficaria tão orgulhoso do Diego de hoje que teria feito tudo diferente nesse caminho até hoje para tentar ajudar o Diego do futuro, teria feito várias coisas para tentar “melhorar” essa experiência e sabe o que teria acontecido? Tudo seria diferente, talvez em um universo paralelo isso tenha acontecido e tu viva num ônibus em Torres del Paine desde o meio do ano passado.

    Prefiro contar com o Diego de Hoje.

    Um Abraço irmão.

    • Diego Nunes
      Responder

      Cara, eu to assistindo 13 horas de Star Wars porque tu me disse que vale a pena e eu já sei do “Luke, I’m Your Father”.
      Efeito borboleta feelings, talvez a gente já morasse junto numa comunidade alternativa, coisa que só vai acontecer daqui uns anos. hahahahaha

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