Circuito em Torres del Paine – Dia 2
ia 2 – 15km – Acampamento Italiano > Mirador Británico > Acampamento Italiano > Acampamento Los Cuernos
Depois de termos montado o acampamento meio as pressas na noite anterior acordamos mais tranquilos para começar a caminhada do segundo dia. Teríamos nesse dia as primeiras subidas mais íngremes do trajeto, mas nessa parte pudemos deixar as mochilas pesadas no acampamento onde dormimos e subir só com a mochila pequena com comida para o dia, água e as jaquetas corta-vento.
Nossa programação com os alimentos era inverter o café da manhã com o almoço porque em quase toda a rota que tínhamos planejado não teríamos local para cozinhar no meio do dia, pois também não é permitido cozinhar nas trilhas. Então geralmente comíamos macarrão, sopa e até mesmo feijão no café da manhã e deixávamos nossos sanduíches para o que seria o almoço. A comida que não precisava ser cozinhada (como as frutas secas, barras de cereal e os sanduíches já prontos) já estava organizada em sacos individuais com as porções corretas para cada dia. Essa dedicação nessa parte da organização também valeu a pena pois durante o caminho quando se está cansado, qualquer esforço poupado vale a pena e a Bruna mandou muito bem.
Tomamos nosso “café”, desmontamos o acampamento, deixamos as mochilas pesadas junto à casa dos guarda-parques e iniciamos os primeiros 5km subindo até o Mirador Britânico. Perto do meio do caminho temos um outro mirante que tem uma vista linda para o Paine Grande e o Glaciar del Francés. Ficamos um bom tempo apreciando a vista e de tempos em tempos, víamos pedaços de gelo desprenderem do glaciar e caírem em pequenas avalanches, fazendo um estrondo e arrancando diversos “ohhhh” dos presentes. Depois disso seguimos até o Británico. O caminho varia entre trechos com pedras beirando o rio que desce do glaciar e trechos de bosque, em cada parte mais aberta se tem um visual maravilhoso, ora para o Paine Grande no lado esquerdo, ora para os Cuernos no lado direito.
A vista do Británico é simplesmente sensacional, o clima estava perfeito quando chegamos lá e pudemos ver toda a cadeia de montanhas que nos cercava. Não exagero em dizer que essa foi uma das vistas panorâmicas mais lindas de todo o passeio no parque. De novo fizemos uma pausa, comemos nossos lanches e começamos a descer pelo mesmo caminho. Chegamos no acampamento Italiano novamente, pegamos nossas mochilas e fomos em direção ao Campamento Los Cuernos.
Nessa segunda parte vamos em uma trilha de bosques costeando o lago Nordernskjöld. As vistas desse trecho são belas, mas nada comparado ao que tínhamos acabado de ver no Británico. Já tínhamos acostumado com as mochilas leves e pegar todo o peso das cargueiras em um trecho meio cansativo não foi tão legal, mas de modo geral estava tudo bem.
Como a Bruna comentou no post do primeiro dia, nessa parte do início da nossa aventura estava difícil achar ritmo ideal para caminhar. Isso estava me incomodando bastante, além das dores pelo corpo, claro. Bruna estava sentindo mais os pés e eu sentia muito os ombros pelo peso da mochila. Foram dias que botamos a prova nossa capacidade de conviver como um casal em condições mais estressantes. Com o passar do tempo fomos pegando o jeito da coisa e tudo foi um grande aprendizado.
Essa transformação psicológica pela qual fomos passando durante a aventura pra mim foi muito mais importante que as belas vistas. Todo aquele lance de aproveitar o momento, estar presente, sentir cada emoção, contemplar tudo… Eu sentia isso o tempo todo e tinha em mente que tudo o que estava vivenciando só era tão bom porque eu tinha o peso das dificuldades e dores como contraponto. Quando consegui realmente perceber isso foi que a coisa ficou mágica. Mas não vou antecipar a história, porque afinal de contas isso não aconteceu no segundo dia.
Bom, chegando ao acampamento Los Cuernos o tempo permaneceu bom e com pouquíssimo vento, isso nos permitiu montar a barraca em um local mais aberto, próximo da margem do lago, nos deixando com um visual sensacional.
