Os pinguins de Magdalena
gente não podia passar pela Patagônia sem ver de perto esses bichinhos. Em Ushuaia o passeio estava muito caro e ouvimos falar que em Punta Arenas seria mais barato, e é basicamente por causa deles que essa cidade entrou no nosso roteiro.
Foi bem fácil comprar o passeio pela internet, através do site da Comapa e realmente saiu bem mais em conta, pagamos CH$ 30.000,00 cada um (R$ 133,00), menos da metade que o valor cobrado em Ushuaia.
O passeio seria no sábado as 15:00h e saímos de Ushuaia ainda na sexta à noite, de carona com o Gabriel, a Marisa e a Mayra. A viagem foi demorada, porque quando chegamos ao Estrecho de Magallanes, tínhamos de atravessar com uma balsa que só sairia as 08:30h da manhã seguinte, ou seja, dormimos no carro aguardando o transporte. Foi bem tranquilo, minha única preocupação era que tínhamos feito reserva para aquela noite no hostel em Punta Arenas e lá não havia sinal de celular para entrarmos em contato e cancelar.
Lá pelas 11:00h chegamos ao ponto onde a estrada se divide. Quem vai para o norte, até Porto Natales, pega à direita, e quem vai a Punta Arenas, segue cerca de 50km à esquerda. Como eles iam para o sentido oposto, foi ali que nos despedimos. Pegamos nossas mochilas e fomos para o outro lado da estrada tentar uma carona. Não demorou muito para que um carro parasse e uma família argentina nos levasse até nosso destino.
Acabamos ficando na entrada da cidade, mais longe do centro, porém perto do porto de onde sairia nosso passeio, então decidimos ir direto para lá, para não corrermos o risco de perder a hora. Chegamos e a fome foi apertando porque não tínhamos colocado nada no estômago e a pequena cafeteria do local não aceitava dólar. Havíamos acabado de chegar na cidade, ainda não tínhamos feito câmbio e como não havia sinal de nenhum outro comércio por perto tivemos que nos contentar com um pacotinho de castanhas e duas barras de cereais.
O barco partiu pontualmente, era um barco grande e deveria ter mais de 100 pessoas a bordo. No meio da viagem percebemos uma movimentação em direção às janelas e corremos para ver: duas grandes baleias faziam graça bem ao nosso lado! Foi lindo de ver, elas nadaram um bom tempo bem próximas e isso deixou a viagem de duas horas pelo Estrecho de Magallanes mais divertida.
Chegamos à Isla Magdalena com um clima maravilhoso, milhares de pássaros e pinguins nos esperavam tomando sol. Caminhar assim tão pertinho foi sensacional. Tinha uma trilha demarcada com cordas, para que os turistas não se espalhassem e pisassem em seus ninhos, isso era ótimo pois como as pessoas ficavam apenas nesse caminhos, os pinguins também não se espalhavam e assim ficávamos sempre muito próximos a eles, além de preservar seu habitat, visitando-os com o mínimo de impacto possível. Vez ou outra alguns até “atravessavam a rua” e tínhamos de parar para esperar que eles passassem. Foi encantador, eles são adoráveis e seu andar engraçado deixa qualquer um com um sorriso bobo no rosto. Vivem na ilha os Pinguinos Magallánicos, que são pequenos, nas cores clássicas preto e branco. Eles são monogâmicos e usam o local para reprodução, por isso o solo está repleto de buracos, que são os ninhos onde chocam seus ovos.
Permanecemos na ilha por uma hora e depois voltamos ao barco. Os pinguins desviaram nossa atenção para a fome, mas foi só entrar e ver as pessoas abrindo seus pacotinhos de lanche para a barriga voltar a roncar. Não tínhamos nada nas mochilas além de sopa instantânea e café, porque atravessamos a fronteira na noite anterior e não é permitido entrar com diversos tipos de alimentos no Chile. O barco possuía uma lanchonete pequena e cara, conseguimos comprar dois pacotes de biscoitos, comemos e dormimos em seguida, estávamos muito cansados!
Chegando ao porto haviam vários taxis e vans de transporte aguardando os turistas, não foi difícil conseguir uma até o centro, que nos deixou na porta do hostel. A van nos custou apenas CH$ 1.000 (R$ 4,50) por pessoa.
Chegamos finalmente ao hostel onde, envergonhados, nos apresentamos dizendo sermos o casal que tinha reserva para o dia anterior e não apareceu. Já era um pouco tarde e a tal sopa instantânea acabou sendo o nosso jantar. Conhecemos um casal de brasileiros que estavam em seu último dia de férias aqui. Haviam feito o Torres del Paine (nosso próximo destino) e nos deram várias dicas além de nos presentear com dois frascos de gás, que serão muito úteis nas trilhas por lá.