Circuito em Torres del Paine – Dia 3
ia 3 – 20km – Acampamento Los Cuernos > Acampamento Chileno > Acampamento Torres
Quando estávamos no acampamento Italiano, aproveitamos para fazer a reserva para o acampamento Torres, gratuito e o único que necessita reserva em todo o parque. Na manhã do terceiro dia então, desmontamos a barraca sabendo que este deveria ser nosso destino.
A trilha desse dia segue beirando o lago e nessa parte cruzamos com muitas pessoas, pois é um dos caminhos mais fáceis de percorrer para quem não quer fazer o circuito completo e até mesmo para quem passa apenas um ou dois dias no parque.
Foi um dia difícil porque meu tornozelo, que eu já havia começado a sentir no dia anterior, estava pior, tinha inchado e machucava muito com a bota. Sempre que parávamos e o corpo esfriava, precisava passar um tempo caminhando devagar, quase mancando e o mesmo ocorria quando passávamos por um caminho mais irregular. Era muito complicado, porque eu via que o Diego observava a cada grupo que nos “ultrapassava” com um sentimento dividido entre querer chegar mais rápido e ao mesmo tempo me ajudar de alguma forma.
Depois de costear o lago, chegamos a uma bifurcação que pegamos à esquerda, caminho que nos levaria para o vale, onde a trilha serpenteia por entre a montanha e a vista é deslumbrante. Ainda assim há muito vento nessa parte e a subida é cansativa, quando avistei o Acampamento Chileno, tive uma vontade imensa de chorar, não sei se pela dor que sentia, se pelo cansaço ou por uma questão psicológica mesmo.
Chegamos ao Chileno e ali paramos para cozinhar um macarrão e assim recuperar as forças para subir até o Las Torres. Isso foi ótimo e renovou os ânimos. Seguimos a trilha, que agora adentrava o bosque e, apesar de seguir subindo, ficava mais confortável, por não ser a céu aberto e assim não ficarmos expostos ao sol e ao vento.
Quando chegamos ao acampamento Torres fomos muito bem recebidos pelo guarda-parques, que nos deu as boas-vindas e todas as orientações necessárias. O clima ali estava muito amistoso e logo nos sentimos em casa. Parece que as pessoas que ficam nesse lugar, com menos estrutura e conforto, são os mais aventureiros, que querem mesmo estar em contato com a natureza e em sua maioria pretendem subir às torres de madrugada para ver o sol nascer, que era também nossa intenção.
À noite todos se reuniram no pequeno galpão onde era permitido cozinhar, eu me sentei com minha sopa do lado de fora, próximo à porta e alguns minutos depois tomei um banho de água fria, literalmente. É que um rapaz encheu sua panela com água para limpa-la, chacoalhou e jogou para fora. Não me viu! Foi muito engraçado, ele pedia desculpas em todas as línguas que conhecia e eu tentava tranquiliza-lo, afinal, não fez por mal.
Em seguida duas meninas pegaram um violão e ali começou uma aconchegante roda de música, com a voz bonita e tranquila das americanas. Foi uma noite deliciosa, onde pela primeira vez em três dias ali, começávamos a sentir um pouco de calor humano.
Fomos dormir cedo, afinal a intenção era acordar as 04:30h para subir às torres. Nesse momento já começava a chover e seguiu chovendo por toda a noite.