Buenos Aires, El Caminito e, mais uma vez, hospitalidade!

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hegamos em Buenos Aires numa manhã de sexta-feira, depois de passar o dia anterior todo intercalando caronas e virar a noite em um caminhão, que para nossa sorte, nos deixou exatamente na entrada da estação de trem, onde poderíamos seguir ao nosso destino.

E o destino era a casa dos pais do Juan. Em Coyhaique, onde ficamos juntos na casa do David, ele já tinha garantido: “cuando van a Buenos Aires, se quedan en la casa de mis viejos!”. Assim, tínhamos um endereço, uma indicação do meio de transporte e um número de telefone. Pegamos o trem e já nos impressionamos com o valor da passagem, andamos cerca de 27km e pagamos menos de 1 real!

Encontramos na dona Alicia e no seu Nano uma hospitalidade incrível. A gente já deveria estar acostumando com isso depois de todas as experiências que tivemos, mas era sempre uma grata surpresa. Era hora do almoço e ela serviu um nhoque de espinafre maravilhoso, se desculpando por não ter “nada melhor”. O irmão de Juan logo chegou da escola e foi igualmente simpático. Vale ressaltar que o Juan não estava lá, ele seguia viajando, apenas telefonou para sua família e pediu que nos recebessem. 

Aquele dia foi muito agradável, passamos o tempo todo descansando e conversando com eles. À noite, Nano fez pizzas, ligamos para Juan e rimos muito. Eles queriam saber de futebol (Nano era River até a morte), perguntavam das comidas e costumes daqui e riam ao contar que pensavam que chegariam dois mulatos altos e encorpados ao imaginar que receberiam brasileiros. Dormimos numa cama com lençóis cheirosos, com aquela sensação de proteção e cuidado, como se fizéssemos parte da família.

Buenos Aires - Recebidos pela família do Juan

Tínhamos apenas dois dias na cidade, pois nosso vôo de volta estava marcado para domingo, sabíamos que seria pouco, então escolhemos apenas dois lugares e ficou a promessa de um dia voltar. Para o sábado, escolhemos o “El Caminito”, Alicia nos emprestou um cartão de passagens com o qual poderíamos economizar ainda mais e nos deu todas as coordenadas. Pegamos o trem, depois um ônibus e chegamos às movimentadas e conhecidas ruas com suas casas coloridas.

Buenos Aires - Caminito 01

O lugar é lindo, mas confesso que fiquei um pouco incomodada com o assédio aos turistas. Estava cheio de brasileiros, cheio mesmo! Os próprios vendedores já te abordavam falando portunhol. Não é que a gente não quisesse ver brasileiros, mas para quem estava trabalhando ali, nossos conterrâneos significavam uma coisa: plata! As boas conversas que conseguimos ter só se desenrolaram mesmo depois de explicarmos que não tínhamos dinheiro, não éramos turistas e estávamos fazendo um mochilão há quatro meses.

Fora isso, claro que o lugar enche os olhos, as cores, o tango, o artesanato e a infinidade de arte espalhada em cada canto nos deixa deslumbrados. Nosso desafio era sempre observar os objetos e procurar distinguir o que era artesanal do que era manufaturado, quase sempre o preço já entregava o veredicto: se fosse barato demais, era industrial.

Embora o lugar fosse cheio de restaurantes, o preços obviamente eram bem elevados, sempre com dançarinos de tango ou músicos tocando ao vivo. Além disso, opções vegetarianas eram escassas. Foi quando vimos uma moça com uma cesta de vime coberta com um paninho branco, ela oferecia “pan relleno”. Perguntamos os sabores e preços e na hora ela ganhou nossos corações (e estômagos). Era uma espécie de calzone, grande e recheado o suficiente para um almoço, o meu era de abóbora com queijo e temperos verdes e o do Diego era de azeitonas, cebola e queijo. Custou cerca de R$5,00.

Voltamos para casa no final do dia, depois de percorrer cada galeria, explorar cada canto do lugar. Naquela noite foi nossa vez de cozinhar e fizemos hambúrgueres de grão-de-bico. Nesse momento também tratamos de arrumar as mochilas pela última vez nessa viagem. Sim, o dia seguinte seria o último e já sairíamos de casa com as mochilas nas costas. Foi um momento muito especial, estávamos muito ansiosos para chegar e encontrar todo mundo, 110 dias tinham se passado e cada um deles voltou à nossa memória enquanto guardávamos com carinho todos os itens dentro das mochilas.

Buenos Aires - Caminito 03

Buenos Aires - Caminito 02

Buenos Aires - Bruna no Caminito

Buenos Aires - Caminito - Música ao vivo

Buenos Aires - Caminito - Galerias de lojas

Buenos Aires - Caminito - Bruna e as cores do Brasil

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