Intercâmbio na Irlanda depois de 5 meses

Estamos na Irlanda há quase 5 meses e vou tentar resumir um pouco do que aconteceu nesse período. Nossa intenção inicial era produzir conteúdo aqui para o blog e para o recém criado canal no Youtube, mas aconteceu tanta coisa e passou tão rápido que acabamos deixando o blog abandonado e subimos poucos vídeos no canal. O fato é que, logo de cara, descobrimos que fazer um intercâmbio é muito diferente de viajar de mochilão, muito mesmo!

Chegando em Dublin

Chegamos em Dublin em 24 de fevereiro e a primeira coisa que nos chamou a atenção foi a arquitetura da cidade. Os prédios antigos geminados com portas coloridas e tijolo aparente são muito charmosos. As pontes, as casas, as igrejas e castelos, a cidade respira história. Era nossa primeira vez na Europa, então ver construções mais antigas que o próprio Brasil é realmente interessante.

ruas de dublin

Chegamos aqui no fim do inverno e ainda pegamos a nevasca surpreendente e histórica que passou por Dublin. Apesar daqui fazer muito frio, é difícil chegar a nevar com intensidade, então tivemos a oportunidade de presenciar um fenômeno muito raro. Foram alguns dias de neve cobrindo a paisagem e deixando Dublin irreconhecível. Além de coberta de neve, a cidade ficou em alerta vermelho e tudo parou porque o país não tem estrutura para lidar com esse tipo de clima. Nesses dias ficamos sem aula e a recomendação era para não sair de casa sem necessidade, foi muito legal nos dois primeiros dias, estávamos encantados, mas depois confesso que começamos a ficar entediados. A paisagem com neve fica linda, mas quando começa a derreter o chão fica muito enlameado e escorregadio.

Dublin_Neve

O que eu lembro do primeiro mês é de ficar na frente do computador tentando agendar o horário para aplicarmos o visto de 8 meses (GNIB) e procurando um lugar para morar. Esses dois pontos tornaram esse período muito estressante. Parece besteira, mas essas são as duas coisas que mais dão dor de cabeça para os intercambistas aqui em Dublin e realmente dedicamos mais de um mês pra resolver esses detalhes. Os aluguéis são caros, mesmo pra dividir com outras pessoas (como é o nosso caso) e a procura é maior que a oferta. A questão da moradia é tão complicada aqui que precisamos fazer várias entrevistas até conseguirmos o lugar em que moramos hoje (pra se ter uma ideia, conseguimos emprego com menos entrevistas).

Procurando emprego

Em abril finalmente estávamos na casa definitiva e com o visto em dia, aí pudemos relaxar um pouco. O Diego chegou aqui já com um emprego e isso foi ótimo pra começar, mas quando nos mudamos acabamos ficando longe do centro e o emprego dele exigia uma flexibilidade de horários que não era possível considerando o tempo de translado. No final acabou optando por deixar o trabalho e procurar outro com horários mais fixos. Enquanto isso eu estabelecia uma nova rotina na frente do computador, mas dessa vez eram currículos, cartas de apresentação e sites de ofertas de emprego.

Esse período também foi marcado por muita frustração. Eu mandava vários e-mails por dia e raramente recebia uma resposta, nem que fosse pra dizer que o currículo foi recebido. Via muitos vídeos e dicas sobre emprego na Irlanda e muita gente dizia que tinha feito várias entrevistas antes de conseguir uma vaga e como eu ainda não tinha conseguido sequer uma entrevista, frequentemente batia um desespero e muita ansiedade ao ver o dinheiro diminuindo. Nesses momentos minha auto-estima ia lá embaixo e era difícil manter a motivação pra continuar procurando. Talvez por já ter tido uma experiência aqui e por ter um nível de inglês melhor, o Diego logo conseguiu um novo emprego em um hotel.

No final de abril eu recebi a resposta de um e-mail chamando pra uma entrevista. E não é que de cara consegui o emprego? Era numa Bed and Breakfest, um hotel pequeno, familiar. Minha função era de cleaner, eu arrumava e limpava os quartos. Trabalhei muito feliz lá por um mês e parei de procurar emprego, porém certo dia recebi uma ligação inesperada sobre uma vaga que eu tinha aplicado mais de um mês antes. De início falei que já estava empregada, mas resolvi perguntar qual era a vaga e pra minha surpresa era para designer gráfico! Junto com os inúmeros currículos que eu enviei é claro que eu tentei vagas de designer também, mas eu sinceramente não esperava conseguir, já que o mercado aqui frequentemente exige conhecimentos de web, mesmo pra designer gráfico. Fui na entrevista sem grandes pretensões e descobri que o que a empresa precisava casava com o que eu sabia fazer, fiz um teste, passei e sigo trabalhando lá desde junho.

Com a mudança de emprego também precisei mudar o período das aulas de inglês e o Diego saiu do hotel, pois nossos horários não iam fechar com o trabalho que fazemos para a escola. Além disso, logo que comecei a trabalhar vi que eles tinham muita demanda de tratamento de imagem e indiquei ele para a função. Agora estamos nós dois trabalhando na mesma empresa, um de manhã, outro à tarde.

Só depois dessa mudança toda é que a vida realmente deu uma estabilizada. Esses últimos dois meses foram os únicos em que tivemos horários parecidos e finais de semana livres. Percebemos que quando estamos sozinhos num país diferente, ter um tempo livre juntos é muito importante.

Estudando inglês

O nosso principal objetivo com o intercâmbio era melhorar nosso inglês, foi por isso que escolhemos um país que fala essa língua. Chegamos aqui com isso bem claro e ficamos lembrando disso sempre que desanimamos com algum plano que não dá certo.

Eu senti uma evolução muito grande já nos primeiros meses, percebi que dei um salto enorme em compreensão e capacidade de me comunicar. Já o Diego não sentiu tanta diferença, em parte porque já tinha um nível mais avançado, foi só manter e aprimorar.

intercambio ingles

Além da sala de aula, viver num país que fala a língua e estar em contato com o inglês o tempo todo, faz muita diferença. O que mais deu pra perceber é que o esforço individual é muito importante. Nós lemos em inglês, vemos filmes sem legenda, somos assíduos nas aulas, fazemos direitinho mesmo e vemos resultado. É preciso uma dose de esforço e ter consciência de que estar em outro país não é garantia de aprender o idioma.

Os passeios

Como eu falei lá no começo, intercâmbio é muito diferente de mochilão e essa é uma das principais diferenças: a gente não está de férias! Tem que levantar cedo, trabalhar, estudar, cumprir horários e nem sempre sobra tempo e pique pra passear.

Agora que estamos mais estabilizados e com os horários parecidos começamos a explorar um pouco. Tentamos sempre conhecer algum lugar diferente nos finais de semana, especialmente porque estamos no verão e tem feito uns dias lindos (mais uma vez estamos presenciando um clima inusitado na Irlanda, mas agora é o contrário, muito sol!). Já conhecemos algumas paisagens icônicas como os Cliffs of Moher e a Giant’s Causeway (esta na Irlanda do Norte) e também visitamos vários parques e museus em Dublin mesmo, mas ainda tem muito pra conhecer!

cliffs of moher

Cliffs of Moher

dunguaire castle

Dunguaire Castle

O que mais podemos contar?

Esse foi um resumo muito resumido mesmo pra tentar contextualizar o que estamos vivendo nos últimos meses. Se quiser, você pode acompanhar nosso insta que de vez em quando postamos fotos dos lugares que visitamos e se inscrever no nosso canal no Youtube pra acompanhar os vídeos.

Se tiver alguma curiosidade ou algum assunto que queira saber mais, comenta aqui que vamos tentar organizar os próximos conteúdos de acordo com o que vocês tiverem interesse em saber.

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