O incerto futuro

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esmo durante a viagem, já estávamos planejando o que iríamos fazer quando retornássemos, como iria ser a nossa vida juntos, nossos trabalhos, nosso dia a dia e tudo mais. Ficávamos fazendo planos sobre tudo, desde as coisas mais simples como uma rotina de exercícios e de alimentação até as coisas mais complexas como as finanças, o futuro do site e, é claro, o casamento.

E agora que estamos aqui todo esse planejamento começa a ser posto em prática, mas mesmo assim, seguimos fazendo novos planos e mudamos os que já fizemos praticamente o tempo todo. Porque afinal de contas, as ideias e os planos são uma coisa, quando elas encaram o “mundo real”, geralmente precisam de algumas adaptações.

Essa sequência de mudanças e transformações é ótima pra gente, pois faz com que estejamos sempre nos aprimorando e aprendendo. E melhor de tudo, faz com que não nos acomodemos. Essa nova fase de nossa vida, depois do retorno, tem sido uma experiência tão boa quanto a viagem em si, porque mesmo não estando em contato com paisagens, culturas e pessoas diferentes todos os dias, estamos experienciando dias únicos, sem aquela rotina cansativa da qual tanto reclamamos, mas dificilmente largamos. Na semana passada eu devo ter acordado em horários diferentes todos os dias, houveram dias em que trabalhei feito doido nas atualizações do site e outros em que não fiz quase nada além de assistir um seriado, fazer algumas pesquisas pela internet e meditar. De certa forma, estamos sempre buscando o equilíbrio.

Eu e a Bruna não planejamos ficar ricos, nadar em dinheiro e sair rodando o mundo pelos hotéis mais caros, não porque isso não deva ser bom, mas porque sabemos que para atingir isso teremos que nos dedicar ao trabalho num nível quase absurdo, para só então, lá na frente colher os frutos disso e poder concretizar a ideia inicial. Escolhemos levar um ritmo de vida mais tranquilo, com menos necessidades e menos preocupações. Sabemos que para atingir isso precisamos abrir mão de vários “luxos” que tínhamos antes de irmos viajar, mas até agora tem sido uma opção muito positiva para nós.

Nosso ganha pão ainda é meio que uma incógnita, estamos trabalhando um pouco em cada um de nossos projetos na esperança que em breve esse trabalho traga algum retorno financeiro. A programação da loja virtual, os produtos que iremos vender nela, a organização de todo o material captado durante a viagem, a criação e organização de alguns eventos que queremos fazer, a produção do livro e algumas outras coisas. Tudo isso requer um esforço grande, mas ter a oportunidade de trabalhar em algo que realmente acreditamos e gostamos é algo que não tem preço.

Ainda não sabemos como tudo isso vai ser daqui a três meses, daqui a um ano ou dois e certamente não sabemos o que vamos fazer quando nos aposentarmos, se é que isso algum dia aconteça. Tomamos como regra a célebre frase: “um dia de cada vez”. Estamos aceitando as incertezas, brincando com as possibilidades e nos transformando a cada passo que damos.

Está tudo bem em fazer planos para o futuro, mas também está tudo bem em não tê-los e as vezes é bom tê-los apenas pela liberdade de poder deixá-los pra lá. Tudo se resume ao equilíbrio.

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Mostrando 4 comentários
  • Jenifer
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    Me identifiquei muito com o texto! Acompanho vocês desde o início da viagem, e super me inspiro! Sair da rotina e trabalhar com algo que se ama – estou vivendo isso. Pode não trazer tanto dinheiro, por assim dizer, mas enriquece muito a alma, o que é maravilhoso. “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa). Estou aqui na torcida para que alcancem seus objetivos, e desejo muito sucesso pra vocês! Abraços!

    • Bruna de Moraes
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      Olá Jenifer! Ficamos super felizes quando sabemos de alguém que acompanhou de perto toda a trajetória, é como se tivéssemos viajado juntos! Agora estamos experimentando essa ideia de trabalhar com o que amamos, mas é difícil decidir quando a gente ama coisas demais né! hehe
      Ficamos curiosos com o seu trabalho, quando puder, manda um e-mail contando o que você faz!

      Abraços

  • Isabela Bugmann
    Responder

    Pois é, pois é. E não é que eu também me pego pensando nesse “futuro incerto” antes mesmo de fazer a minha “viagem dos sonhos”, pensando o que vou fazer depois de algo que nem comecei ainda. Maldita ansiedade! Mas me diz uma coisa, fiquei curiosa: vocês trabalham com o que? Alguma coisa com fotografia e design?
    Abraços!

    • Bruna de Moraes
      Responder

      Acertou em cheio! Trabalhamos exatamente com isso: Bruna com design gráfico e Diego com fotografia/vídeo. Por incrível que pareça, ficar esse tempo “fora do mercado” acabou nos ajudando muito e voltamos para ele agora mais maduros e com novas visões, tem sido muito proveitoso e por mais que ainda estejamos experimentando muita coisa, o futuro chegou sem que precisássemos nos desesperar com ele.

      E já que você está pensando no futuro antes de fazer a viagem, vamos deixar aqui uma frase do Amyr Klink, escrita em seu livro “Entre dois Pólos”, sobre o primeiro dia de sua travessia que duraria 642 dias:

      “Parti para minha mais longa travessia, e, mesmo que ela só durasse esse único dia, eu havia escapado do maior perigo de uma viagem, da forma mais terrível de naufrágio: não partir.”

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