Cicloturismo Circuito Vale Europeu – Dia 03 de 05

C

omo eu não havia montado a barraca no dia anterior a função de colocar tudo na bicicleta era um pouco menor. Antes de sair, comi um sopão instantâneo e mais um resto de pão que ainda tinha do primeiro dia. Fui até o quiosque para pagar o camping já com tudo pronto e comecei a pedalar as 9:00h. Mal sabia eu tudo o que me esperava nesse longo terceiro dia.

Meu plano para o dia era ir sentido a Doutor Pedrinho fazendo um balão um pouco grande pra passar pela Cachoeira e Gruta do Índio. Lembrando que no plano inicial a viagem era pra durar sete dias, e não cinco, pois bem, esse foi o dia em que a primeira grande mudança de roteiro aconteceu e colaborou para que eu conseguisse fazer o trajeto em cinco dias. Relembrando o que falei no último post, o roteiro que estou fazendo é um pouco diferente do roteiro oficial do Vale Europeu, fiz algumas adaptações intencionais e outras por causa de erros no trajeto, que foi justamente o que aconteceu nesse dia.

Essa localidade por onde pedalei durante a manhã se chama Alto Cedros e ela é simplesmente linda, durante quase todo o trajeto passei costeando a Barragem do Pinhal avistando campos verdes, bastante mata nativa e horizontes de tirar o fôlego com as montanhas e vales ao redor. Os primeiros 20km foram de subida e mais ou menos ao meio dia cheguei a uma lanchonete onde parei pra almoçar. Na lanchonete tinha Wi-Fi o que foi um atrativo e tanto, pois eu estava sem área de celular desde a manhã do dia anterior e eu queria mandar algumas notícias pra Bruna e também algumas fotos para que ela pudesse fazer as publicações e Instagram e Facebook enquanto eu pedalava. O trajeto até ali foi cansativo, o sol estava presente de novo e com ele muito calor. Fiz muitas paradas pra descansar e pra fotografar, por isso o ritmo tão baixo na velocidade, mas esse era um dia que era pra ser tranquilo, segundo meu planejamento eu tinha só mais uns 30km pela frente, sendo que boa parte desse trajeto era descida, então não estava muito preocupado. Pedi permissão para poder cozinhar minha própria comida, a atendente foi super simpática e não tive nenhum problema. Comi 2 miojos, um pacote de salgadinho e tomei uma cerveja.

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Plantação de Pinus

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Primeira subida do dia

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Araucárias e casa de campo

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Pousada Lindnerhof

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Lagoa e bike

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Lagoa, bike e eu

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Vista para a Lagoa

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Bike e a lagoa

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Panorâmica lagoa

(Clique para ampliar as fotos panorâmicas)

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Casa na montanha

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Vista para a lagoa 2

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Panorâmica lagoa 2

Logo depois que comecei a pedalar durante a tarde me vi numa bifurcação que indicava o circuito para a direita e a Cachoeira e Gruta do Índio para a esquerda. Foi o primeiro indício de que eu havia feito alguma confusão naquele dia. Lembrando que eu estava fazendo o circuito ao contrário, então meu instinto foi de seguir para a cachoeira, além do mais era um ponto importante do trajeto e eu não queria deixar ela de lado. Analisando a rota agora enquanto escrevo pude perceber que na verdade eu já errei a rota na parte da manhã (mas isso eu não havia percebido no dia), deveria ter feito um contorno maior quando saí da península e por esse contorno ia acabar chegando nessa mesma encruzilhada. Hoje, podendo analisar o mapa todo com calma, com acesso a internet pra buscar mais informações sobre a rota e tudo mais ficou fácil enxergar os pontos onde errei, mas lá, olhando só para um pequeno mapa impresso, me baseando nas placas e informações de pessoas no caminho a coisa fica um pouco mais complicada.

Chegando na Cachoeira e Gruta do Índio me informei no restaurante sobre a pequena trilha que teria que fazer até a cachoeira, paguei os R$5,00 da entrada do lugar e fui seguindo por um pasto dividindo espaço com alguns carneiros e bois até chegar na beira da cachoeira. A queda era modesta, o volume de água estava um pouco baixo, mas ainda assim era uma paisagem linda e fiquei um tempo ali descansando e apreciando. Depois entrei um pouco mais em uma trilha lateral buscando a tal gruta do índio, afinal de contas eu só tinha visto a cachoeira. Acabou que essa trilha lateral não deu em lugar nenhum e não sei até hoje se a gruta é um lugar separado ou se é só essa pequena formação no início da queda.

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Carneiros no pasto da cachoeira Gruta do Índio

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Árvore no campo da Cachoeira Gruta do Índio

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Cachoeira Gruta do Índio vista de cima

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Cachoeira Gruta do Índio vista de baixo

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Trilha Gruta do Índio

Depois que deixei a cachoeira é que as coisas ficaram um pouco complicadas. Eu estava começando a sentir uma dor na coxa direita, uma dor que havia me incomodado um pouco já no primeiro dia, mas nesse terceiro dia ela voltou mais forte e me obriguei a diminuir um pouco meu ritmo e a partir desse momento eu passei a tomar analgésicos todos os dias, um na parte da manhã, outro na parte da tarde.

Voltando a falar da rota, pra retornar ao meu planejamento inicial eu deveria ter retornado até aquela bifurcação que comentei e feito outro trajeto, mas acabei seguindo em frente e fazendo um contorno maior do que deveria pra chegar em Doutor Pedrinho. Passei por uma rodovia que estava em reformas e em péssimo estado, foi um trecho muito duro, talvez o pior de toda a viagem. Nessa altura do campeonato eu já sabia que havia errado feio no trajeto e meu emocional estava muito abalado. Estava com uma raiva latente, prestes a parar, jogar a bicicleta no mato, acampar em qualquer canto e no dia seguinte voltar pra casa. Toda essa raiva mais a dor na coxa foram os ingredientes perfeitos para um trecho quase insuportável de pedal, onde eu simplesmente não desejava mais nada além de estar de volta em casa descansando.

Nesse caminho até a cidade eu deveria ter encontrado a entrada para a Cachoeira Formosa, mas por todas essas reformas na estrada acabei passando direto e perdi a entrada (culpo também meu estado mental durante o trajeto, mas realmente acredito que a entrada tenha passado desapercebida principalmente pelo fato da estrada estar um caos com a reforma). Esse foi o erro que mais senti em toda a viagem. O fato de ter errado a rota e ter pedalado por um trecho que não pretendia não me incomodou tanto quanto o fato de ter deixado um dos pontos que gostaria de visitar pra trás. É algo que me deixa um pouco triste, mas fica o desejo de conhecer o lugar e com certeza usarei isso como desculpa para visitar novamente a região.

Chegando na cidade de Doutor Pedrinho conversei com outros dois ciclistas e um deles me explicou os problemas com a rodovia que eu havia acabado de passar e que justamente por isso as pessoas estão evitando ir até a Cachoeira Formosa quando fazem o circuito, estão desviando por outra rota. Fora isso eles me explicaram como deveria seguir para reencontrar minha rota planejada. Peguei todas as informações necessárias e segui pedalando, já era final da tarde e eu precisava encontrar logo um lugar pra dormir.

Logo depois eu fiz uma parada em uma casa pra pegar mais água e fiquei um tempo analisando as rotas mais uma vez, me dei conta que já estava a 10km do meu destino planejado para o quarto dia, ou seja, havia quase completado dois dias de pedal em um só, apesar de ter feito uma rota menor do que a planejada caso eu somasse a quilometragem dos dois dias, estar próximo desse destino me deixou um pouco mais tranquilo.

O sol já estava quase se pondo e eu precisava muito achar um lugar pra acampar. Ainda na rua principal por onde pedalava eu encontrei uma construção de uma casa que parecia estar abandonada, perguntei ao vizinho qual era a situação da obra e pedi se ele se incomodava que eu acampasse ali. Ele confirmou minha suspeita de que a obra estava mesmo parada há algum tempo, comentou que o dono da construção era também o proprietário da casa que ele alugava e disse que por ele não havia problema algum. Era só o que eu precisava ouvir.

Entrei e comecei a arrumar algumas tábuas pra fazer uma espécie de piso que me servisse de suporte pra poder esticar o isolante e o saco de dormir. Montei também a base da barraca que possui uma tela para que não tivesse problema com os pernilongos. Minha janta antes de dormir foi polenta com molho de tomate pronto. Havia sido um dia muito conturbado, minha cabeça estava a mil e eu estava tentando controlar minha montanha russa emocional. Eu havia começado o dia muito animado, passei por momentos de stress muito grandes e no final do dia quando descobri que estava próximo do destino do quarto dia voltei a me tranquilizar. Tentei botar a cabeça no lugar, descansar bastante pra poder seguir em frente no próximo dia.

Gastos do dia:
4,00 – Pacote de salgadinho
8,00 – Cerveja
5,00 – Entrada cachoeira
2,50 – Molho de tomate pronto
Total do dia: R$19,50
Estatísticas do dia:
Distância: 71km
Altimetria: 854m
Tempo de movimento: 5:20h

 

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Rio dos Cedros - Araucárias na rodovia em reformas

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Doutor Pedrinho - Vista para as montanhas

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Doutor Pedrinho - Estrada de terra

Circuito Vale Europeu - Dia 3 - Doutor Pedrinho - Acampamento do dia

Posts recomendados

Deixe um comentário

Contato

Deixe sua mensagem aqui, te responderemos assim que pudermos. :)

Not readable? Change text. captcha txt
Circuito Vale Europeu - Dia 2 - Timbó - Ponte no centro - Rio Beneditocircuito-vale-europeu-dia-4-benedito-novo-cachoeira-salto-do-zinco-3