- Dicas de viagem

Adiós Ushuaia, que te quedas bien

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shuaia é uma daquelas surpresas boas que a gente ganha da vida. Antes mesmo do avião pousar, já sentimos que gostaríamos do lugar. A vista das montanhas é espetacular e ainda mais lindo do que vimos em nossas pesquisas pré-viagem. Quando a gente vai viajar sempre fica aquele receio de que as fotos que vimos é apenas uma das vistas do lugar e o restante pode não ser tão bonito assim. Não é o caso de Ushuaia. Para todo canto onde se olha, há montanhas exuberantes salpicadas de branco, contrastando com as encantadoras construções coloridas. Estamos em uma cidade invernal e sabemos disso já no primeiro olhar.

Passamos um dia fotografando as casas, pois nos encantamos com a forma como são construídas. Não há um padrão, parece que cada uma tem uma personalidade e traz o gosto de seu morador. Os materiais são diversos, com destaque para a madeira e as chapas de metal e é muito comum encontrar casas mistas, com vários materiais ao mesmo tempo, coisa que em nossa região não encontramos e é inclusive mal vista, pois o governo dificulta a liberação de construção e financiamentos para casas assim. Eu penso que a mistura de materiais de forma criativa, prezando aqueles que existem em maior abundância na região e aqueles que mais favorecem ao clima local pode ser uma boa alternativa de arquitetura sustentável, ao invés de simplesmente adotar o concreto de olhos fechados.

O mais bacana é que a cidade se concentra ao redor do porto e não é preciso ir muito longe para encontrar lugares absolutamente vazios, preenchidos apenas de natureza. Não se vê civilização, não se ouve nada além do vento e dos pássaros. Esse estar longe e estar perto ao mesmo tempo é fascinante.

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Hostel Cruz del Sur

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os dias em que não estávamos acampando em Ushuaia, nos hospedamos no hostel Cruz del Sur, que fica no centro da cidade. Logo na entrada a staff Carla nos recebeu muito bem, apresentando as dependências com muita simpatia e nos oferecendo boas informações sobre os passeios que faríamos nos próximos dias. O preço é de ARS 200,00 por pessoa (cerca de R$ 47,00), bem mais caro do que queríamos pagar, mas pesquisamos em outros hosteis e não encontramos nada muito mais barato.

Os quartos são todos mistos para 4, 6 ou 8 pessoas, o preço é sempre o mesmo e inclui café da manhã. Tem calefação em todos os ambientes, chuveiros no estilo vestiário, porém bem aquecidos e com água quente. Há uma cozinha equipada disponível para os hóspedes e uma sala muito aconchegante com pufes, colchonetes e mesas baixas, que é a sala de Wi-Fi. Ali o pessoal fica navegando, conversando (em todas as línguas imagináveis), lendo e jogando “drinking games” em noites animadas regadas a vinho e Quilmes.

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A melhor trilha que não fizemos

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epois de conversarmos muito com Ale (dono do hostel e que também gosta muito de trekking) e com Gabi (nosso amigo argentino) decidimos que a última trilha seria a Sierra Valdivieso, porém faríamos um circuito diferente do convencional.

Nós começaríamos pelo final do circuito tradicional, iríamos subir as cinco lagunas e retornar pelo mesmo caminho, enquanto o circuito tradicional inicia mais a frente na Ruta 3, contorna a serra, desce as lagunas e finaliza no ponto onde começamos.

Minha expectativa para essa trilha era muito alta mesmo, todos que conheciam falavam muito bem, que a paisagem era linda demais. Ao mesmo tempo falavam que era um trekking bem puxado e que a trilha não era demarcada, ou seja, quem quer que fosse fazê-la, teria que se preparar bem.

Um dos motivos pra escolhermos esse circuito alternativo era porque tínhamos pouco tempo, enquanto o tradicional era feito em cinco dias, nós só tínhamos três dias disponíveis e seria relativamente mais fácil, mas não foi bem assim…

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Dois dias, duas cascatas

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ra sexta-feira e não pretendíamos dormir no hostel naquele dia. Não fizemos reserva, queríamos economizar e intercalar a hospedagem com camping tem se mostrado uma das formas mais eficazes de fazer isso.

Mandamos uma mensagem para o Gabriel pedindo uma indicação de bom local para camping e sua resposta foi “Los busco em media hora”, mais uma vez ele surpreendia com sua atenção e prestabilidade. Nos buscou e nos levou até um ponto na saída da cidade, cerca de um quilômetro depois do posto policial, na Ruta 3. Havia um mapa na entrada da trilha, explicando como chegar à Cascada de los Amigos, Gabriel ainda nos deu algumas instruções para que não nos perdêssemos, pois a trilha tinha algumas bifurcações.

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Laguna de los Cinco Hermanos

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uando começamos a pensar em um destino para o dia do aniversário da Bruna decidimos que teria que ser algo mais leve para que pudéssemos voltar ao hostel em tempo de conversar com os familiares e festejar com o pessoal daqui, mas ainda assim teria que ser algo belo, afinal de contas, eu tinha planejado um pedido de casamento, não poderia ser em qualquer lugar.

Quando Gabriel comentou sobre essa trilha que nos levaria a uma laguna pouco visitada e que tinha uma vista linda para a cidade e para o monte Olivia meus olhos brilharam, era essa. Ele nos fez um grande favor e foi nos buscar no hostel e nos deixou no início da trilha, tratou de explicar alguns detalhes e nos mandamos.

O início da trilha é muito similar com quase todas aqui da região, começamos passando por um bosque de lengas muito bonito. Depois do bosque, chegamos em um ponto onde podíamos ver uma bela cascata e se iniciava um campo mais aberto. A trilha até esse ponto não era difícil, era rasoavelmente demarcada e não era tão íngrime. Mas a partir desse ponto não havia muito caminho para seguir, então miramos o alto da montanha e começamos nossa “escalaminhada”, pois daqui pra frente o caminho se tornou bem mais íngrime e até agora não sabemos se pegamos o caminho errado ou se simplesmente era mais difícil mesmo.

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Paso de Las Ovejas – Laguna del Caminante e Cañadon de las Ovejas

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entou muito durante a noite e acordamos com chuva. Por algum tempo ficamos dentro da barraca, dormindo e pensando que talvez nosso passeio tivesse que terminar por ali. Mas lá pelas 10:00h a chuva parou e pudemos tomar um café, desmontar as barracas e seguir novamente.

Voltamos praticamente para o ponto inicial da trilha, atravessando novamente a ponte capenga e então pegamos o caminho mais à esquerda (não há nenhuma placa indicativa para essa trilha, aí é pelo olho e pelo GPS mesmo). O caminho era aberto, porém bastante enlameado, sempre com a companhia de cavalos selvagens nesse trecho. Antes que pareça algo irreal (unicórnios?), cavalos selvagens são exatamente iguais aos normais, são dóceis, tem o pêlo brilhante e a única diferença é que não possuem a marcação a ferro dizendo quem é seu dono.

Seguimos por essa trilha, Katy sempre carregando o mate a tiracolo, João de olho no GPS e Diego com a câmera e em certa altura paramos para almoçar em um ponto um pouco mais limpo. 

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Paso de Las Ovejas – Lagunas Encantada e de los Tempanos

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ercorrer o “Paso de las Ovejas” era um plano que guardamos numa caixinha, no fundo da mochila. Queríamos muito fazer, pois poucas pessoas a percorrem, mas não tínhamos certeza se seria possível, já que não temos GPS e todos nos diziam que a trilha era um pouco complexa, com possibilidades de pegar caminhos errados.

Estávamos no hostel decidindo o que fazer, quando o português João nos disse que gostaria de fazer esse caminho também e, para nossa alegria, tinha um GPS! Ele, por sua vez, não tinha fogareiro e nós sim. Pronto, juntos tínhamos tudo o que precisávamos e em poucos minutos já estávamos preparando a rota e organizando os detalhes para a caminhada. Junto com a chilena Katy, formávamos um quarteto portunhol. Sabíamos que esse trekking iria exigir um pouco mais que os outros que fizemos, pois seriam três dias de caminhada árdua com a mochila completa com os equipamentos de camping nas costas, então procuramos pensar bem em cada detalhe, comprar a comida e o gás para que não faltasse (afinal, diferente do que nos aconteceu no parque nacional, ali não teríamos um restaurante para salvar a fome) e ainda organizar tudo de forma que as mochilas não ficassem tão pesadas, para isso, deixamos no hostel algumas coisas que não iríamos usar. 

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- Filosofia

A viagem interna

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uando começamos nossa aventura nosso objetivo nunca foi só fazer turismo, conhecer lugares novos, novas pessoas, culturas e tudo mais, claro que tudo isso é maravilhoso, mas acredite se quiser, a viagem mais importante é a viagem interior.

Com toda a certeza do mundo estamos fazendo essa viagem para descobrir mais sobre nós mesmos, não só sobre o mundo. Descobrir mais sobre o nosso mundo, o que está dentro das nossas cabeças. Talvez terminemos a viagem com ainda mais perguntas do que iniciamos, mas com certeza estaremos mais próximos de muitas respostas. Afinal, o autoconhecimento é como qualquer outro conhecimento que se pode adquirir, quanto mais você se aprofunda, mais informações você tem e essas informações te levam a novas perguntas e assim seguimos aprendendo.

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- Diário de Bordo, Navegação

De veleiro pelo Canal de Beagle

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arco pequeno, barco grande, catamarã, muita gente, pouca gente, exclusivo, diferenciado, não-convencional, com caminhada, com café, com cerveja artesanal…

A região próxima ao porto de Ushuaia está cheia de casinhas que oferecem toda sorte de navegações pelo canal de Beagle. Ouvimos todas as explanações sobre o quanto cada um deles era imperdível e por fim, um veleiro. Um pequeno veleiro para dez pessoas, no más, que nos levaria pelo canal, passando por diversas ilhas e parando em uma delas para uma caminhada, foi o eleito.

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- Diário de Bordo, Filosofia

O lugar e o tempo certo para se dizer sim

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ia 03 de fevereiro de 2015, faltava um dia. A cabeça simplesmente não conseguia descansar, toda música, toda conversa, todo momento parecia me lembrar: : “é amanhã“.

Iniciamos a trilha para a Laguna de los Cinco Hermanos, coloquei o fone de ouvido e tentei esconder minha ansiedade, não sei se fui bem sucedido nesse ponto. Essa trilha não era uma escolha muito comum entre os destinos daqui de Ushuaia, era conhecida entre os locais, mas pouco divulgada, talvez por isso tenhamos escolhido ela para um dia tão especial.

Chegamos ao destino no meio da tarde, começamos a montar acampamento (o que se mostrou uma tarefa mais difícil que o comum, porque o terreno era bem mais “problemático” do que os outros que já havíamos encontrado), a Bruna foi preparar nosso almoço e eu fui fotografar o local e os arredores.

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