O que mudou nas nossas vidas depois do mochilão

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á exatamente um ano nós colocamos as mochilas nas costas, conferimos os últimos detalhes e seguimos rumo a Florianópolis, onde pegaríamos o tão esperado vôo para Ushuaia e daríamos início ao que foi a melhor experiência de vida que já tivemos até agora. De lá para cá muitas coisas aconteceram e vale a pena contar um pouco das ótimas experiências que tivemos desde então.

É claro que tudo começou bem antes, com muita preparação, pesquisa, desligamentos de vínculos empregatícios, pagamentos de contas, compras de equipamentos, solicitação de documentos, etc, mas feito isso, chegamos ao grande dia, era ali que tudo começava de verdade e nós estávamos preparados e extremamente felizes. 

Não preciso contar tudo o que aconteceu a seguir, porque tivemos a feliz ideia de registrar a história aqui no blog e todos podem acompanhar esses registros até hoje. Digo que foi uma feliz ideia porque é maravilhoso reler, assim como foi maravilhoso compartilhar e inspirar outras pessoas. Então o que quero dizer é que a partir do momento em que eu avistei as primeiras montanhas nevadas e deixei as lágrimas escorrerem através das janelas do avião até o dia de hoje, depois de uma volta inteira em torno do sol, muitas coisas aconteceram e como já aprendemos que compartilhar é maravilhoso, quero seguir fazendo isso e contar a nossa trajetória desde então.

Carretera Austral - Fazenda de Floriano e Alicia - Rio Barrancoso e a neblina pela manhã

COMO O MOCHILÃO MUDOU A NOSSA FORMA DE ENCARAR AS MUDANÇAS

O mochilão mudou nossas vidas, isso é um fato. Mudanças são muito importantes e acontecem o tempo todo, algumas nós escolhemos e outras não. Nossa mudança foi uma escolha, nós planejamos tudo com cuidado e também deixamos algumas coisas abertas, escolhendo “não escolher” em alguns momentos, o que proporcionou encontros e experiências surpreendentes.

Uma das nossas “não escolhas” foi referente ao que faríamos quando voltássemos e essa era uma pergunta que tínhamos de responder com frequência. Na verdade não queríamos que um projeto futuro ocupasse nossas mentes durante a viagem, queríamos fazer o exercício de viver o momento presente e não criar expectativas quanto ao futuro.

Essa liberdade proporcionou uma maior flexibilidade depois que voltamos para nossa cidade. Durante o primeiro mês pós viagem aceitamos todos os convites que surgiam, ficamos abertos para conversar com todos os amigos (e até com desconhecidos), trocar muitas ideias, falar sobre tudo o que passamos e responder a todas as perguntas. Muitas pessoas que fazem esse tipo de viagem preferem ficar um pouco mais reclusas nesse primeiro momento e eu entendo que pode não ser fácil voltar ao ritmo depois de tantas experiências reveladoras e principalmente depois de sentir o desprendimento da viagem em contraste com as preocupações do dia-a-dia da maioria das pessoas, como contas a pagar, horários a cumprir e desejos de consumo. Porém nós voltamos com vontade de contagiar a todos, com vontade de trazer nossos amigos e familiares para mais perto dos sentimentos que vivenciamos, por isso nosso convívio social nessa época foi intenso. Além disso estávamos com saudade, é claro!

El Chaltén - Trilha para Laguna de Los Tres - Nós, Jan, Jean e Glauco

UMA VONTADE IMENSA DE COMPARTILHAR

Não demorou muito para aparecerem os primeiros convites mais “formais” e assim organizamos nossa primeira conversa pública através dos nossos amigos do estúdio Firmorama, que fizeram barulho em um encontro pra lá de proveitoso. Depois disso fomos convidados pela Vasselai Incorporações para falar em Blumenau, pelo Atlas para ir até Joinville e juntamente com a Entremonte realizamos mais dois eventos novamente em Jaraguá do Sul.

Também participamos do Bazar Itinerante, expondo nossas fotos e sketchbooks e conversando muito sobre a viagem, de uma exposição no café Truffé Delicatesse e mais recentemente do evento Happy Day, promovido pelas amigas da loja Amei, além de ter o espaço de uma aula aberto para a turma do último semestre de educação física da Faculdade Jangada.

Outra oportunidade muito legal que surgiu foi a de receber pessoas em nossa casa através do Couchsurfing, retribuindo assim a receptividade que tivemos na Argentina e no Chile, onde nós é que éramos os hóspedes.

Em meio a tudo isso fomos conhecendo cada vez mais pessoas, fazendo novos amigos e estreitando ainda mais antigos laços. Deixamos claro em certo ponto da viagem que o contato com as pessoas nos surpreendeu e deixo claro mais uma vez que isso continuou a acontecer aqui em Jaraguá e só temos a agradecer. O apoio de todos, o incentivo a dar continuidade ao projeto e a receptividade quanto aos materiais que produzimos nos motivou muito e possibilitou levar a mais pessoas a mensagem de que uma viagem pode ser mais simples do que parece.

Firmorama - Charla Abierta

MAS, E DO QUE VOCÊS VÃO VIVER DEPOIS QUE VOLTAREM?

A pergunta que não calou desde antes de partirmos teve sua resposta sendo construída aos poucos e sem pressa. Logo no segundo mês em casa já começaram a aparecer oportunidades de trabalho para nós dois e percebemos que além do desenvolvimento pessoal, a viagem serviu como um grande portfólio profissional. Hoje estamos trabalhando de maneira autônoma, eu atuo na área do design gráfico e também fiz algumas oficinas de encadernação ao longo do ano. O Diego segue em trabalhos de fotografia e vídeo e muitas vezes acabamos trabalhando juntos em alguns projetos.

Desde que voltamos nossa ideia era sempre ficar abertos para todas as oportunidades que surgissem, sem medo e sem pressão de encontrar logo um emprego. Nós tínhamos uma pequena reserva e já estávamos habituados a viver com pouco, sabíamos que não precisávamos de um grande salário para passarmos bem por algum tempo. Convites como o da Danusa para ajudá-la a atender em seu café (uma área totalmente diferente da minha) foram aceitos com o coração aberto. Dentro de nossas áreas experimentamos diversos ramos e aprendemos muitas coisas novas. Ajudamos amigos de estúdios e agências, com trabalhos internos, em uma troca muito proveitosa e também trabalhamos muito em casa, experimentando uma rotina totalmente nova que requer muita disciplina, mas tem várias recompensas.

Torres del Paine - Anoitecer no acampamento Dickson

O QUE VEM DAQUI PARA A FRENTE?

Nosso último ano foi marcado por dois momentos distintos, uma mudança planejada (a viagem), que nos ensinou a estar abertos para a mudança não planejada (nossa nova forma de viver e trabalhar).

Depois da viagem também aproveitamos para colocar nossa loja virtual no ar e fazer alguns posts de review de equipamentos e dicas de viagem de acordo com o que aprendemos, para ajudar aqueles que também estão planejando a sua.

Para 2016 nós decidimos continuar trabalhando, porque temos muitos projetos em mente, vamos focar no planejamento de uma nova viagem e também começar a estruturar o velho sonho de ter um sítio e aplicar conceitos de permacultura e sustentabilidade, mas para tudo isso acontecer, precisamos de um período de foco, precisamos juntar algum dinheiro, conhecer alguns apoiadores, estudar e trabalhar duro. E, é claro, vamos seguir alimentando o blog, pois esse é o nosso projeto de vida, já dissemos aqui que o ANH não é um blog apenas sobre viagens, embora tenha começado assim, é um blog que fala sobre escolhas de vida e sobre viver plenamente. O conteúdo sobre o mochilão para a Patagônia a princípio está encerrado, mas novos temas estão sendo planejados até que venha a próxima aventura.

Ah, e caso você tenha perdido algum dos posts da viagem ou queira relembrar os momentos maravilhosos que vivemos lá, você pode ler tudo na íntegra aqui no nosso diário de bordo.

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Mostrando 4 comentários
  • Glauco Lima
    Responder

    Olá Amigos!
    Gostei do texto, bateu uma saudade da patagônia, de colocar a mochila nas costas e partir para mais uma aventura.
    Adorei a ideia do sítio, é um velho sonho meu também, colher meus próprios tomates..rs
    Espero encontrar com vocês novamente!
    Abraços!!

    • Bruna de Moraes
      Responder

      Olá Glauco!!

      Sim, saudade imensa, nós mesmos ficamos entusiasmados cada vez que lemos a respeito, ou vemos algum documentário de aventura.
      O sítio é um sonho antigo, mas sempre nos interessamos muito por permacultura, pelo cultivo de orgânicos e agroflorestas, pela bioconstrução e pela vida simples e próxima da natureza que tudo isso pode proporcionar. Vamos ver se nossos tomates vingam! hehe

      Claro, um dia nos encontramos pelo caminho!

      Abraços

  • Rafael Sá
    Responder

    Olá Pessoal! O site de voces esta sendo com uma biblia! Thanks a Lot!

    Gostaria muito de ter o mesmo tempo que voces tiveram para desbravar a patagonia… Infelizmente so terei 15 dias!
    Estou de ferias a partir de 27 de maio até 13 de junho… Inicio de inverno…Será que esta seria uma boa epoca para conhecer a Patagonia neste curto intervalo de tempo?
    forte abraço!

    • Bruna de Moraes
      Responder

      Oi Rafael! Que bom que o site está sendo útil, ficamos muito felizes em ajudar!

      Nossa dica já que você tem menos tempo é não tentar conhecer tudo de uma vez só, procure escolher um ou dois destinos e aproveitar muito o local. Uma sugestão é El Chaltén e El Calafate, como as cidades são próximas, é tranquilo conhecer em menos tempo. El Chaltén mesmo tem muitas atrações que com certeza vão preencher seus dias.
      Não esqueça que, independente da sua escolha, no inverno faz muito frio por lá, então é bom ir preparado, tanto com relação às vestimentas, quanto para detalhes como menos movimento nas estradas e a possibilidade de algumas trilhas estarem interditadas pela neve (Torres del Paine, por exemplo, costuma fechar nesse período, então é melhor optar por lugares que ofereçam trilhas mais acessíveis, mesmo com neve).

      Espero ter ajudado, se precisar de mais dicas é só dar um toque.

      Abraços!

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