Quanto gastamos no mochilão para a Patagônia?

A

 falta de dinheiro costuma ser uma das desculpas mais utilizadas para adiar um sonho. Já mostramos de diversas maneiras como fazíamos para economizar durante a nossa viagem e foi apenas essa economia que nos possibilitou ficar o tempo que ficamos na estrada.

O fato é que existem várias formas de viajar e vários preços. Uma coisa que influencia muito nessa soma final é o destino escolhido. A América do Sul é um destino considerado barato para os brasileiros, porém a Patagônia tem um custo um pouco mais elevado por suas características geográficas (lá não se planta quase nada por conta do clima extremo e quase tudo tem de ser transportado de longe), isso me faz acreditar que em um país como Bolívia ou Peru teríamos gastado bem menos. Mas há diversos fatores que influenciam e isso depende muito do seu estilo de viajar e das suas prioridades. A escolha do mochilão foi feita pensando nisso e nós procuramos gastar o mínimo possível dentro de uma média de perrengues que considerávamos aceitável.

Uma coisa que foi determinante para nossa economia foi o controle financeiro. Anotar tudinho numa planilha bem organizada faz com que você veja onde e como está gastando. Fizemos isso a viagem toda e continuamos fazendo agora e é dessa nossa planilha super organizada que saíram os dados que você verá a seguir. Observamos que os itens se dividiam em categorias e anotávamos os gastos de cada dia no seu respectivo grupo.

As categorias:

  • Hospedagem: Inclui qualquer gasto com estadia, seja em hostel ou em camping pago. A hospedagem na Patagônia não é muito barata, mas como fizemos muito Couchsurfing, camping selvagem e/ou gratuito e também nos hospedamos algumas vezes nas casas de pessoas que conhecemos pelo caminho, economizamos bastante nessa parte. 75% da nossa hospedagem foi de forma gratuita.

  • Transporte: Pegamos muitas caronas mesmo, mas vez ou outra era necessário apelar para um ônibus, trem, metrô ou mesmo os táxis coletivos dentro da cidade. Nos primeiros dias ainda estávamos um pouco descrentes da facilidade em pegar carona por lá e acabamos gastando um pouco mais com transportes pagos. Também precisamos pagar transporte intermunicipal na Carretera Austral porque fomos para lá numa época de pouquíssimo movimento e nem foi por falta de tentativa, não passava ninguém mesmo! Aqui também entra o barco que tomamos para a ilha de Chiloé e o ônibus que pegamos de Valdívia até Santiago (esse foi por puro cansaço de final de viagem mesmo).

El Chaltén - Bruna pedindo carona na saída da cidade

  • Alimentação: Obviamente é o item onde mais gastamos. Quase sempre comprávamos em supermercados e cozinhávamos. Pouquíssimas vezes comemos em restaurantes e quase sempre era para provar algum prato típico. A comida é o que mais pesa num orçamento e é onde é mais fácil economizar muito ou gastar muito.

Carretera Austral - Noite em Cochrane - Polenta e Vinho

  • Passeios: Nesse item estão inclusas todas as entradas em parques. Também estão aqui o passeio na pinguineira, a navegação pelo Canal de Beagle e a visita à Capilla de Marmol, que eram os passeios que queríamos muito fazer e não tinha outra forma a não ser buscando o melhor preço e pagando. Tem muitos outros passeios super legais que poderíamos ter pago para fazer com agências, mas fomos sozinhos e não gastamos quase nada.

  • Comunicação: Compramos chips de celular da Argentina e do Chile e íamos colocando crédito conforme a necessidade. Foi a forma mais econômica que encontramos para nos mantermos “comunicáveis” com o pessoal aqui do Brasil. Usávamos a internet 3G, mas sempre que possível procurávamos redes de Wi-Fi para economizar. No Chile, as praças e bibliotecas quase sempre tem conexão gratuita, o que nos ajudou muito.

  • Outros: Esse item é amplo, entra tudo o que não cabe nas categorias anteriores, como gás, pilhas, coisas de farmácia, um chinelo para substituir outro que arrebentou, os pingentes que foram nossas alianças e até gorjetas dadas a músicos de rua (quando o cara era bom, mesmo com moedinhas contadas, a gente dava um troquinho).

Nosso gasto total por categoria foi:

Hospedagem: R$ 1.934,00
Transporte: R$ 1.538,00
Alimentação: R$ 4.240,00
Passeios: R$ 1.039,00
Comunicação: R$ 135,00
Outros: R$ 343,00

Total: R$ 9.229,00

Média diária por pessoa: R$ 41,95 (cerca de 16 dólares)

Aqui não somamos a passagem de avião do Brasil até Ushuaia, que com as taxas e impostos foi de R$ 1.632,00 por pessoa. Quando estávamos acostumados com a viagem e com as caronas começamos a pensar que poderíamos ter economizado aí também e ido de carona desde o Brasil, mas ainda não tínhamos nenhuma noção do que nos esperava e nunca tínhamos feito uma viagem assim.

É claro, também não estão somados os equipamentos que levamos, pois são coisas que compramos aos poucos e vão durar para muitas outras viagens, consideramos um investimento e não um gasto.

No final das contas, nossa viagem de quase 4 meses pela Patagônia custou R$ 6.246,50 por pessoa. Dá pra fazer mais barato? Dá!!! E dá pra gastar a mesma coisa em 15 dias de férias também. Como já falamos, tudo depende do seu estilo de viagem e do que você está disposto a encarar. Como saímos daqui com o dinheiro já contadinho, nós optamos por economizar sempre que possível para conseguir ficar viajando pelo maior tempo possível.

Não foi fácil guardar esses 12 pilas, mas também não foi o fim do mundo. Nos organizamos, fomos juntando cada mês um pouquinho e encaramos a fase que antecedeu a viagem com muita disciplina, focados em nossa meta. Pensamos sempre que foi mais barato que comprar um carro e nos trouxe experiências que vão durar a vida toda, coisa que um bem material como um carro não proporcionaria.

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Mostrando 8 comentários
  • Lucas Krutsch
    Responder

    Muito bom artigo para entusiastas que se perguntam, como e quanto? Viagei de mochilão pela Bolivia, Peru e Chile, definitivamente lugares mais rentáveis para um mochileiro mas é como sitou, sempre dá pra fazer mais barato, depende do quanto se organiza e está disposto a “sofrer” haha Parabéns e bem vindos de volta, prezo para que tenham encontrado o que procuravam em sí.

  • Bruna Prior
    Responder

    Olá Bruna e Diego! O relato de viagem de vocês está sendo muito inspirador para a minha viagem a Patagônia em jan/16. Estou lendo tudo e gostando muito, mas ainda não me deparei com a seguinte informação: qual o modelo da barraca de vocês? Eu comprei uma Nepal 2 da Azteq e quando vi a barraca laranja de vcs até pensei que era a mesma, mas não consegui ter ctz. Abraços!

    • Diego Nunes
      Responder

      Olá Bruna! Tudo certo?
      Então, que bom que você está gostando do blog, o intuito era justamente esse, inspirar e ajudar novos viajantes. :]
      Sobre a barraca, a nossa é a Aztec Nepal 2 sim. É uma excelente barraca e suportou muito bem os ventos e chuvas pela Patagônia, foi uma excelente compra, pode ter certeza.
      Se tiver qualquer outra dúvida é só nos dar um toque. Um abração!

  • Diogo menjou
    Responder

    Olá Bruna e Diego
    gostaria de parabenizar-los pelas matérias , pois me fez viajar no tempo e me imaginar na própria história.
    E com essas dicas ajudam muitas pessoas que as vezes almejam uma viagem assim mais deixam de ir por medo ou até mesmo por não saberem de detalhes que fazem total diferença , com isso instigam mais e mais pessoas .
    enfim estão de parabéns forte abraço .
    trabalho incrível

    • Bruna de Moraes
      Responder

      Diogo, ficamos muito felizes porque é exatamente isso que pretendemos: inspirar e mostrar que é possível viajar, além de ajudar quem já está planejando sair por aí.
      Quando lemos comentários como o seu, nos sentimos no caminho certo e todo o trabalho vale a pena. Obrigado por acompanhar!

  • Bruno
    Responder

    Boa tarde Bruna e Diego,

    Estamos planejando fazer uma roadtrip pela patagônia em fev 2016, a minha duvida é o seguinte, pretendemos cambiar um certo valor em Uruguaiana – RS pois uns dos membros desta trip mora lá, ele tem um conhecido de confiança onde sempre faz o cambio com um valor interessante no caso para pesos argentinos, minha duvida é quanto a distribuição ( reais, dólares, peso argentino, peso chileno), quantidade a ser levada e qual moeda levar mais. No meu caso não pretendo usar cartão de credito no máximo debito dependendo da situação, como iremos de carro e estimamos 35 dias de viagem, acredito que 8k daria para fazer esta trip, o que você me indica? Vocês andavam com muito dinheiro? Não é perigoso andar com está quantidade? usaram mais peso argentino ou chileno? Vi que alguns locais não aceitam dólares , é recomendável andar com reais ? Pretendemos nos hospedar na grande parte em hostel, e acampar alguma vez ex: torre del painel, quanto a alimentação acredito que não vamos comer em nada chic demais, nem em locais podrão kkkkk. Você acha que este valor é suficiente ? sei que é muito relativo isso e depende de muitos fatores, mas gostaria de ter uma base.

    • Diego Nunes
      Responder

      Olá Bruno! Tudo certo?
      Então, antes de mais nada, pedimos desculpa pela demora pra responder seu comentário. Realmente deve ter ocorrido um problema com a publicação da resposta, porque eu me recordo de ter escrito tudo, mas fiz uma busca pelo site e não encontrei registro, provavelmente na hora de publicar ocorreu algum problema e eu acabei não notando. Desculpa mesmo!
      Sobre as suas dúvidas, vamos lá. Nós também não utilizamos cartão de crédito lá, aliás, usamos umas duas ou três vezes em emergências onde não havíamos conseguido fazer o câmbio no local. O que fizemos foi levar tudo em dólares, fizemos o câmbio todo aqui no Brasil de reais para dólares, depois lá na Argentina e no Chile íamos trocando conforme íamos precisando mais de um ou de outro. Nunca trocávamos muito por dois motivos: primeiro, o dólar era menos volumoso, então como estávamos com uma quantidade considerável de dinheiro era mais fácil de esconder nas meias, na doleira e tudo mais. Segundo porque se fosse pra voltar pro Brasil com alguma grana na mão que fossem dólares e não pesos, pois a cotação reversa aqui no Brasil é péssima. Mas com a situação do dólar atual acho que isso se tornou inviável, quem sabe a melhor solução seja mesmo trocar direto pra moeda local, é botar a calculadora pra funcionar e fazer as contas mesmo.
      Sobre se o seu valor é suficiente ou não, aí vai muito do estilo de viagem que vocês querem levar, com 8 mil certamente vocês conseguem fazer a viagem, mas se começar a esbanjar essa grana some em uma semana. A gente gastou mais ou menos 12 mil em 4 meses viajando e foi tranquilo, sendo que 3 mil foram só da passagem de avião. Agora tem gente que gasta isso em um mês e tem gente que gasta muito menos, como falei, vai muito do estilo de viagem, mas pelo que você me explicou, acho que é grana suficiente sim.
      É isso, cara. De novo, peço desculpas pela transtorno e pela demora. Qualquer outra dúvida é só dar um toque.
      Um abração e força nessa aventura!

  • Bruno
    Responder

    Boa noite Bruna e Diego,

    Não sei se chegou a ler meu post gostaria muitas de um feedback de vocês, o blog está sendo super útil neste meu planejamento

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