Cicloturismo Circuito Vale Europeu – Dia 01 de 05
viagem pelo Vale Europeu durou 5 dias, saí na sexta-feira (dia 07) e retornei na terça-feira (dia 11). Passei por vários lugares lindos, enfrentei muitas subidas, acampei em alguns lugares inusitados e tive muito tempo pra pensar na vida. Foram 5 dias muito intensos, já na sexta-feira acabei saindo com um tempo não tão favorável e um pouco atrasado, preocupado com tudo que iria enfrentar, mas no final das contas deu tudo certo (ou quase certo) e já estou de volta a Jaraguá pra relatar toda a experiência.
Queria começar esse post com meus mais sinceros agradecimentos a todos que colaboraram com esse projeto de alguma maneira. Querendo ou não essa viagem demandou uma quantia razoável de planejamento, de preparação e ainda vai gerar bastante trabalho com todo o material ainda por publicar então todo mundo que deu uma força de uma maneira ou de outra merece ser citado aqui. Primeiramente minha querida esposa Bruna (já faz quase um ano e eu ainda acho estranho chamar ela assim) que ajudou em simplesmente tudo e quero reforçar aqui que esse e todos os projetos que envolvem o A Natureza Humana são produzidos em conjunto, muitas vezes é a minha cara que aparece porque sou eu que faço as publicações e, nesse caso, fiz a viagem sozinho, mas tudo é produzido junto e sem o apoio dela isso aqui com certeza não existiria. Além dela, a todos os amigos e familiares que deram dicas sobre o roteiro, em especial ao meu pai Luiz que fez a viagem de preparação pelo litoral comigo. A Over Bike pelo apoio e a Brasil Botões pelo patrocínio, a ajuda de vocês reduziu os custos da viagem a quase nada e viabilizou a viagem com muito mais conforto, isso fez toda a diferença. Agradecimentos também à Heloísa, repórter d‘O Correio do Povo e querida amiga, e ao Ricardo e à Gabriela, do Por Acaso, pelo auxílio na divulgação do projeto.
Mas agora vamos ao que interessa, afinal de contas isso aqui é um post de diário de bordo, então vamos juntos voltar à sexta-feira, onde tudo começou. Acordei cedo e a previsão do tempo havia se confirmado: o dia tinha amanhecido cinza, com uma chuva que logo se transformou numa garoa fina e persistente. Resolvi as últimas pendências relacionadas ao trabalho, comecei a colocar todas as coisas pra dentro dos alforjes e confirmei o que eu já havia falado antes, realmente cabia muita coisa. Minhas roupas, alimentos, o kit cozinha, o saco de dormir, kit de higiene e remédios, kit de reparos e algumas outras coisas menores. Tudo isso coube dentro dos alforjes e estava bem acomodado. Imprimi os mapas e os trajetos específicos de cada dia, dei uma última olhada e tudo parecia certo. Quando parei pra perceber a manhã inteira já havia passado, então almoçamos alguma coisa rápida e a Bruna me ajudou a carregar as coisas pra fora do apartamento pra montar tudo na bicicleta.
Em cima dos alforjes eu acoplei a barraca, o isolante térmico dentro de um saco estanque, meus chinelos e uma segunda garrafa d’água. Na bolsa de guidão ficaram todos os equipamentos eletrônicos que eram incrivelmente fáceis de acessar sempre que precisava deles. Na correria dos últimos dias eu não consegui arranjar tempo pra instalar o pézinho e os paralamas/parabarros, eles com certeza teriam facilitado a viagem ainda mais, mas não tive grandes problemas sem eles.
Me despedi da Bruna e comecei a pedalar. Quando iniciei a atividade no Strava notei que já era quase 13:00h. Saí em direção ao centro e me sentia bem confortável na bicicleta, a garoa fina não estava atrapalhando muito e fui apenas com a bermuda de ciclismo e uma camiseta manga curta. Logo já estava com o corpo quente e num ritmo agradável, estava feliz por finalmente estar começando a pedalar rumo ao Circuito Vale Europeu, mas ao mesmo tempo um pouco preocupado por estar saindo mais tarde do que o planejado. No asfalto eu conseguia impor um ritmo muito bom, acredito que minha média de movimento nesse início deve ter ficado na faixa dos 23-24km/h.
Quando passei pelo centro encontrei alguns amigos almoçando e troquei uma ideia rápida, depois disso segui em direção à Barra mantendo um bom ritmo e aproveitando bem os primeiros momentos da pedalada.
Nesse momento de contemplação e despreocupado da vida foi que eu cometi meu primeiro erro de rota. Sim, eu nem havia saído de Jaraguá e já tinha errado o caminho. Eu havia planejado entrar sentido Rio da Luz, ou seja, não pegaria a entrada principal sentido a Pomerode, mas nesse momento de desatenção eu acabei pegando o caminho principal. Só fui lembrar da rota planejada quando já estava próximo à Chocoleite, decidi que não iria retornar e que faria esse trajeto planejado no último dia da viagem, quando estivesse voltando. Fiquei bem estressado com o erro já no início, mas a viagem ainda ia me dar muitas lições sobre stress e ansiedade durante o percurso, esse foi só o primeiro aprendizado. Quando avistei a placa de boas vindas ao Vale Europeu fiquei mais animado e segui pedalando. Nesse trajeto da entrada até o início da serra foram os momentos onde fiz os primeiros cliques da viagem:
Então o primeiro grande desafio de subida da viagem seria a serra de Pomerode com quase 250m de elevação em 3,5km. A garoa ainda seguia, mas nesse momento estava ainda mais fraca. O fato de ser de asfalto ajudou bastante, mas não ter acostamento sempre é um problema para os ciclistas. Você que está lendo isso agora, vou te pedir um favor, concientize-se: o ciclista precisa de uma distância de segurança, 1,5m é o ideal, mas tem que ser no mínimo 1m. Não passe por um ciclista se você não tiver certeza de que está mantendo essa margem de segurança. Durante momentos de esforço maior, como uma subida, é muito fácil perder o equilíbrio e pender para as laterais e se você está passando sem essa margem de segurança pode ser o meu braço e até mesmo a minha cabeça que seu retrovisor vai encontrar no caminho. Então mantenha distância e se vier outro carro na direção contrária e você não puder oferecer essa distância de segurança, reduza a velocidade e aguarde para ultrapassar, isso é um assunto muito sério, precisamos criar essa consciência em todos para que tenhamos um trânsito mais seguro.
No meio da serra parei pra tomar um caldo de cana e fiz a primeira compra da viagem. Tentei manter um controle financeiro bem em dia, mas esqueci de anotar algumas coisas, enquanto vou escrevendo os relatos espero lembrar de tudo e no final de cada post vou listar os gastos do dia.
Depois da descida da serra cheguei em Pomerode e descobri que pra seguir em direção a Rio dos Cedros por essa rota eu deveria rumar para a localidade de Pomerode Fundos e depois pegar a rua Pomeranos e estaria em Rio dos Cedros. Passei por casas lindas e também pelo Museu Casa do Imigrante, acabei não parando no Museu pois havia começado a pedalar muito tarde, então ainda queria percorrer uma distância maior no primeiro dia, mas fiz uma anotação mental que deveria passar ali na volta. Esse trecho também tem uma subida no meio do caminho, mas essa possuía uma ciclofaixa e a subida foi bem mais confortável.
Nem cheguei a passar pelas ruas principais de Rio dos Cedros, segui direto pra Timbó pra procurar algum lugar pra acampar por lá. No caminho já fiquei analisando alguns pastos e caçando alguns olhares curiosos de alguém que pudesse me oferecer uma garagem ou uma varanda pra poder esticar o saco de dormir. No final das contas acabei chegando ao centro de Timbó e ainda não havia achado nenhum bom lugar. Eu estava no centro, mas bem próximo ao rio então a maioria das ruas a minha direita eram sem saída, num desses finais de rua encontrei um gramado grande e resolvi me aproximar pra analisar melhor.
Chegando lá conversei com um dos vizinhos e descobri que o proprietário era a senhora que morava em frente, conversei com ela e seu filho e eles liberaram o terreno numa boa. Inclusive acabei esquecendo de pegar o nome de vocês, mas como deixei um cartão com vocês espero que leiam isso e saibam que estou muito agradecido. Eles possuíam uma marcenaria e montei o acampamento ao lado de um galpão de madeira, já no finalzinho da tarde. Depois disso preparei dois miojos que comprei no caminho.
Nesse meio tempo dei uma olhada no celular e conversei com a Bruna, que estava na casa de alguns amigos e algumas pessoas me mandaram mensagens, foi o primeiro momento mais solitário da viagem. Era uma sexta-feira a noite e eu estava numa barraca, sozinho, num lugar que não conhecia. Resolvi deixar esse pensamento pra lá e dar uma volta. Fui até a farmácia e comprei um antinflamatório pois minha garganta vinha me incomodando nos últimos dias e meu remédio havia acabado. Do lado havia uma conveniência e comprei também uma cerveja, uma barra de chocolate e papel higiênico que havia esquecido de pegar quando saí. Chegando “em casa” apreciei minha única e deliciosa cerveja, comi muitas jabuticabas porque em frente à barraca havia um pé carregado, comi um pouco de chocolate, fiz algumas fotos e fui dormir.
5,00 – Caldo de cana
2,50 – Dois macarrões instantâneos
6,00 – Cerveja
7,00 – Barra de chocolate
6,50 – Papel Higiênico
Total do dia: R$27,00
Distância: 70,0km
Altimetria: 754m
Tempo de movimento: 3:40h